O pensamento reflexivo, mais uma vez
Talvez as pessoas ainda não tenham entendido que uma relação entre “filosofia e cotidiano” não passa pela ação de “colocar” algo como um conteúdo filosófico na vida diária.
Talvez as pessoas ainda não tenham entendido que uma relação entre “filosofia e cotidiano” não passa pela ação de “colocar” algo como um conteúdo filosófico na vida diária.
Digo “talvez as pessoas ainda não tenham entendido” para me referir a uma falta de pensamento que sempre faz parte da vida sob as condições do capitalismo. A filosofia não é apenas um conteúdo, mas uma forma. E isso complica a relação que temos com ela e com as coisas às quais ela se refere quando se trata de conteúdos. Jamais devemos esquecer que pensar é uma ação.
Que o pensamento é uma determinada relação que temos com as coisas, isso talvez seja mais fácil de entender, mas que essa relação é totalmente afetada pelo capitalismo, ou seja, pelo sistema econômico definido pelo fetichismo da mercadoria, o que quer dizer, pela absolutização do valor lançado sobre as coisas, isso já é mais complicado.
Que o pensamento tenha ele mesmo sido transformado em mercadoria, é algo que apavora.
Minhas leitoras e leitores, me perdoem, mas às vezes é preciso colocar questões difíceis. Talvez seja importante nos relacionarmos a elas como quem se tem consciência de uma relação.
Pensar nisso serve não para nos fazer sofrer, mas, ao contrário, fazer nos levar a pensar. Talvez possamos evitar a “dor” como “valor” com o qual fetichizamos o pensamento, descobrindo que o objetivo do pensamento é refletir sobre a dor e o sofrimento do mundo na intenção de ultrapassá-lo. Ou como dizia Adorno: para entender que o pensamento é a dor que se eleva a conceito. Portanto, forma que advém de um conteúdo que se sedimenta.
Saber que explicações fáceis estão à venda no mercado da mistificação, mas que a genuína experiência do pensamento não, também pode ser uma saída nos momentos mais difíceis.
Importante debate sobre a construção do novo tempo!!!